Memórias

Assistir à todos aqueles vídeos, foi de alguma forma como passar novamente com eles uma daquelas tardes insanas. Aquelas regadas a chocolate quente em plena 15hs da tarde no calor infernal de Fortaleza, aquelas com quilos e mais quilos de barras de chocolate, onde a quantidade de gargalhadas era impossível quantificar. Não é algo que me faça sofrer, não mais. Talvez tenha ficado insensível à essas perdas; afinal, foram tantas que nem deveria doer mais. Não é preciso dizer que hoje aquelas tardes ficam só nos vídeos mesmo, impregnados com minha risada ridícula e tosca, diga-se de passagem. Aliás, tosco era o que nos definia. E talvez isso era o que nos unia, mas aos poucos cada um foi perdendo seu lado tosco, sua inocência de se divertir da maneira mais infantil possível. "Vamos varrer o deserto! HARRYYYYY! Rabicho, a varinha! Chu chu, Tumati e Beterraba. Legumes do tráfico. Ninguém me ama, ninguém me quer, vooou comer barata..." E as sandices não tinham fim, mas é melhor deixar com as citações por aqui mesmo. O garoto rechonchudo não é mais aquele piadista tosco, é agora um "homem" sério e egocêntrico, muito bem instruido nas artes das ciências sociais, políticas e antropológicas, ou pelo menos ele o pensa que é. A garota mongol e lesada, agora é a apatia sobre duas pernas. Aquela outra, que sempre teve uma propensão a ser diferente do grupo, finalmente ficou diferente...tanto que não pôde mais permanecer entre os outros. Parece ter se tornado fútil. Não sei, estou longe, não posso nem tenho mais o direito de avaliar seu caráter. Quanto a mim, minha risada continua tosca em vídeos, fiquei mais gorda, mais austera e menos tosca, e talvez seja isso a parte crucial de mim que se perdeu. Foi-se embora aquela leveza de ser, aquela alegria expontânea, aquele jeito "tosco" tudo foi-se embora e ainda continuo a procurá-los. Nos seus lugares, ficou o manto negro do lamento, da austeridade, da apatia, do mau-humor...sinto que ele está se desintegrando, mas não tão rápido o suficiente quanto eu desejo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Aceitar que as coisas mudam, que os caminhos nos deixam marcas talvez seja uma lição complicada a aprender. Quem nunca deixou um pouco da sua essencia no meio do caminho? Quem nunca ouviu a frase "você mudou..." - errado dizer, seria melhor ouvir " você cresceu e amadureceu...". Nem tudo na vida são rosas, talvez perder a leveza, a alegria, e o jeito antes admirados abriu brechas para uma mulher mais centrada, objetiva e decidida, não somente uma pessoas que carrega consigo um "manto negro"; tudo na vida, nos caminhos e cada passos são explicavéis, aceitáveis e NUNCA possuem somente um lado de serem compreendidos; pra tudo há extremos entre o bom e o ruim, cabe a nós termos consciência da existencia de cada um e saber admira-los nas suas devidas respectivas; carregar o pessimismo em nós é bom para sempre irmos em busca de uma melhora e de passo em passo ela vir ao nosso encontro sem muito termos que fazêr. Não se enxergue assim, há sempre o melhor em você!!! SEMPRE.

Natália Ferreira disse...

Nossa é um momento meio de nostalgia , mas é real , sabe rever e ver como eramos do que gostavamos de quem amavamos é anesteziante por que é vc mas de um outro modo é tão diferente parece ser outro ser, mas num deixa de ser vc.

otimo sabado beijos

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